quarta-feira, 21 de abril de 2010

A medicina popular do cerrado

A grande diversidade farmacológica hoje reconhecida e utilizada tem como elementos constituintes desde medicamentos altamente industrializados até aqueles chamados naturais que incluem: raízes, cascas, folhas e insumos. A partir do princípio ativo destes últimos, são produzidos os primeiros, ou seja, foi a partir de conhecimentos tradicionais prático-intuitivos de pessoas cientificamente despreparadas que foi gradualmente construída a moderna indústria farmacêutica.
A medicina popular do cerrado, praticada por pequenos grupos de forma preventiva, terapêutica e complementar, principalmente nas áreas rurais e periferias urbanas das regiões detentoras deste bioma, estrutura-se cada vez mais através da capacitação dos envolvidos na coleta, preparo e fornecimento dos produtos naturais à população assistida. Tem-se conseguido algum respaldo governamental (ainda que insuficiente) a essas iniciativas, o que se comprova por exemplo, por alguns decretos e medidas provisórias relativamente recentes:

.Medida provisória 2.186/16-01 de 23 de agosto de 2001 sobre Acesso a Recursos Genéticos, Conhecimentos Tradicionais e Repartição de Benefícios.

.Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, instituída pelo decreto nº 5.813, de 22 de junho de 2006.

.Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, decreto 6.040, de 7 de fevereiro de 2007.

Concomitantente a essa estruturação e fazendo parte dela, desenvolve-se a auto-regulação da medicina popular, um sistema de controle de qualidade que se baseia no princípio de segurança de todas as atividades desenvolvidas pelos grupos, atividades essas que incluem também a preservação do cerrado. Os produtos naturais utilizados na fabricação caseira ou comunitária dos remédios são obtidos de hortas ou reservas vegetais.
Várias são as dificuldades encontradas ao prosseguimento de projetos como esses (que aliás trazem benefícios não só à saúde da comunidade, mas também representam economia, já que mostram-se bastante acessíveis sob essa perspectiva. A economia portanto dá-se no âmbito pessoal e público, pois considerável porcentagem de internações e outros procedimentos dispendiosos são evitados utilizando-se do aspecto preventivo da medicina popular). A despeito dos obstáculos, no entanto, o trabalho continua, preservando conhecimento, cultura e vidas.

Sammantha Brito

Um comentário:

  1. É gratificante saber que existem projetos como esse para o incentivo da medicina do cerrado. Porque a medicina popular é tantas vezes desmerecida! Esquecemo-nos com frequência de que a base de todos os remédios acaba por ser natural. Que os remédios naturais podem ser tão eficazes quanto os "de farmácia". E, por serem assim, é que também devem ser estudados para o conhecimento de sua valia e seus efeitos, além de serem ingeridos com parcimônia e cuidado.

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